quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Instantâneos da primeira Primavera Brasileira IV - Um crime consumado pela metade.



Os primeiros condenados pelo principal processo da sedição cuiabana a serem punidos na forma da lei (muitos já vinham sendo punidos ilegalmente) foram enquadrados no Artigo 85 do Código Criminal de 1830 – aquele com o Artigo112 saudado pelos manifestantes em outro momento.
O que dizia este artigo?

“Art. 85. Tentar diretamente, e por fatos, destruir a Constituição Política do Império, ou a forma do Governo estabelecida. Penas - de prisão com trabalho por cinco a quinze anos.
Se o crime se consumar. Penas - de prisão perpetua com trabalho no grau máximo; prisão com trabalho por vinte anos no médio; e por dez anos no mínimo.”

A pena dos três condenados foi de prisão perpétua com trabalho, ou seja, todos em grau máximo por um crime consumado de tentar destruir a Constituição Imperial ou a forma de governo. O que se consumou, portanto, foi a tentativa. Se consumassem a destruição, não só não haveria crime a ser punido, derrubada a legalidade do Código e da própria Carta de 1824, como provavelmente teríamos estátuas dos réus no centro de Cuiabá.

A condenação em grau máximo, no caso, é por consumar um crime pela metade.

sábado, 24 de agosto de 2013

Instantâneos da primeira Primavera Brasileira III - Sobre classes e raças

Em meio à leitura do processo criminal da sedição cuiabana de 1834 tive como desafio entregar um artigo sobre sujeitos coletivos, classes sociais e raças. Parti de uma estratégia simples para abordar o tema:

a)     definir como as pessoas se identificavam politicamente na época (rótulos partidários, etc.),

b)      em seguida analisar, na medida do possível, a situação de classe (basicamente através de duas variáveis: ocupação/profissão e propriedade) e a classificação racial (segundo critérios da época, brancos, crioulos, pardos, mulatos, etc.) de cada um dos envolvidos nos “campos políticos” opostos.

c)      Interpretar as relações entre as identidades políticas no nível do discurso (liberais x caramurus, brasileiros x portugueses,guarda nacional x tropas regulares) e a situação de divisão em classes e raças,numa sociedade profundamente marcada pelos dois tipos de distinção (e de exploração/opressão)

A falta de dados não permitiu ir muito longe, mas algumas coisas chamaram a atenção já na etapa de análise de classes e raças. A primeira delas é que dentre os caramurus/portugueses mortos pelos rebeldes liberais/brasileiros apenas um não era proprietário de comércio, imóveis e/ou fazendas (era um assalariado, caixeiro de um comerciante chamado Domingos), e este sujeito, cuja morte é relatada muitas vezes, é também o único que não tem um nome. Em toda a documentação de centenas de páginas ele é “um caixeiro do Domingão”. Daí uma dificuldade elementar para a escrita da história dos grupos subalternos: às vezes quem não tem propriedade nem nome possui. Ser uma extensão de seu patrão não é algo que diz respeito apenas a escravos.

A segunda coisa que chamou a atenção é a presença de algumas lideranças não-brancas dentre os rebeldes – três descritos como “mulatos” e um como “pardo”. Lideranças que ocupavam cargos importantes, como vereador, oficial da guarda nacional e mesmo o único deputado geral (hoje diríamos “federal”) eleito pela província – e que foi um dos primeiros parlamentares brasileiros a propor a abolição da escravidão, mais de 50 anos antes da Lei Áurea. No processo, apenas réus não-brancos têm a cor descrita nos autos. Dentre os que não possuem esta indicação o índice de condenações foi de 41%, enquanto para “mulatos”e “pardos” foi de... 100%.  Após incriminações com base bastante suspeita, já nos últimos depoimentos surgem afirmações de que dois desses quatro haviam propagado dentre os “soldados e a canalha” (isto é, os pobres pretos e pardos) a ideia de que “os brancos já tinham governado” e que agora era a vez deles. Se o fizeram, temos uma clara tomada de consciência da opressão racial que estrutura aquela (e esta) sociedade. Se não o fizeram, temos mais um exemplo do uso da classificação racial para incriminar esses indivíduos. Afinal,  no discurso dominante quem racializa essa sociedade sem classificações são eles, os classificados como “pardos” e “mulatos”.

Espero que o restante da documentação torne mais claro esse tempo de caixeiros sem nome e pardos presumidamente culpados – um tempo, afinal, tão próximo do nosso.

PS: A história de pobres e pretos tem essas dificuldades todas, mas não é tão obscura se comparada à história da atuação das mulheres.Talvez eu venha a fazer um “instantâneo” desses sobre isso.

Instantâneos da primeira Primavera Brasileira II - Um capítulo da história do Estado de direito

A revolta cuiabana de 1834 foi planejada dentro de uma associação que contava com grandes proprietários da cidade, inimigos de outra parcela das classes dominantes. Poupino era uma das lideranças ricas por trás da revolta. Proprietário de 27 imóveis e 25 escravos, era a quinta pessoa na lista de sucessão do governo provincial (equivalente distante do "estadual" hoje). Nos meses que antecederam a revolta os que estavam à sua frente foram sucessivamente se afastando "por motivos de saúde", até que chegou sua vez. Dessas coisas absolutamente suspeitas, enfim... Ele assumiu o posto e em poucos dias uma revolta estourou e resultou na morte de muitos de seus adversários.

Simplificando um tanto as coisas, pode-se dizer que em parte a revolta era uma conspiração de parte dos grupos dominantes contra os que disputavam com eles o poder político e o mercado local. Mas apenas em parte, pois o ódio popular tinha outros tantos significados e os adversários do grupo de Poupino que morreram estavam em geral ligados a dois tipos de opressão ao povo pobre: o oficialato das tropas, objeto de uma política racista, que barrava a ascensão dos negros e pardos, e o monopólio do comércio, que especulava com coisas essenciais à sobrevivência. Mobilizados por poderosos para destronar outros poderosos, os setores populares tinham seus interesses e valores próprios e, como é comum acontecer nesses casos, logo o movimento rachou.

Poupino, que nos primeiros dias da revolta dava vivas à "revolução patriótica" passou a organizar uma contra-revolução (a expressão chega a aparecer nas fontes). Organiza petições a serem assinadas pelos "Amigos da Boa Ordem" em que pede apoio para punir os "vândalos" e "anarquistas" (sim, são palavras tiradas do processo-crime, de 1834-35). Com o pretexto de que seus aliados das classes populares deveriam ajudar a conter uma reação ao movimento no interior, ele pede que se dirijam para lá. Aproveita-se da ausência deles para dar início à traição, prendendo os que ficaram na cidade, com o apoio daqueles autointitulados "Amigos da Boa Ordem".

Com seus antigos aliados pobres na cadeia e após a chegada de um novo governante, que se torna rapidamente seu aliado, Poupino pode consolidar sua traição. Avisa alguns amigos por cartas para que saíssem da cidade para evitar a repressão e manda prender os demais. Mas tudo que ele não queria era um julgamento justo, pois se os "criminosos" depusessem diriam que Poupino era uma das lideranças do movimento. Evitando um julgamento, ele tentou convencer as demais autoridades a fuzilar sumariamente os presos, aos gritos de "Viva a Lei! Morram os Ladrões. [...]. Faça-se fogo a quem for suspeito!". Uns apoiaram, outros não, e ele teve de mudar de estratégia: mandou parte dos "criminosos" para fora da província, com ordem para que fossem soltos em Goiás, ou de preferência mais longe. Procedimento tão ilegal quanto o fuzilamento sumário.

Mas restavam outros presos (ilegalmente) que sabiam demais sobre o papel de Poupino nos distúrbios. Alguns juízes e promotores que passaram a ouvir o que eles tinham a dizer foram ameaçados de morte e, em seguida, presos. Ilegalmente, claro! O juiz e o promotor do caso acabaram sendo mandados para o Rio de Janeiro e penaram seis meses de viagem pelo Pantanal e por São Paulo, acorrentados. Eram acusados de serem cúmplices dos "ladrões", "vândalos" e "anarquistas".

E o que diziam esses presos? E o que fazia o presidente da província, maior autoridade do lugar, a respeito disso? Vamos às fontes:

"Durante essas vergonhosas cenas, os presos da cadeia gritavam em altas vozes que tudo tinha sido feito por insinuações de João Poupino (tudo isso quando o presidente por ali passava), que eles por serem pobres ali estavam, enquanto o mesmo Poupino, e outros estavam com as armas na mão, e passeavam livremente. O Presidente recolheu-se a sua casa, mandou chamar o juiz de direito, ordenando que os fizesse calar com rodas de pau!"

Fica aqui mais um capítulo da história do Estado de direito no Brasil.

Instantâneos da primeira Primavera Brasileira I - "Viva o Artigo 112 do Código Criminal"

No dia 4 de maio de 1834, quase um mês antes da eclosão de uma revolta violenta em Cuiabá, cerca de 200 pessoas se reuniram na praça matriz da cidade para protestar contra a nomeação de um funcionário pelo governo (resumidamente, por ser ele português e por ser acusado de corrupção e incompetência, sendo a função do cargo cuidar do dinheiro público). Até aí, nada de muito surpreendente, apesar de manifestações desse tipo serem pouco frequentes até então. O que surpreende é o grito de protesto que foi entoado na praça:

"Viva o Artigo 112 do Código Criminal!", gritavam os manifestantes.

Quando li isso fiquei intrigado.

Como assim manifestantes dão vivas a um artigo do Código Criminal? Como assim???

Bom, eis que eu vou para o Código Criminal, que acabava de ser aprovado naquele momento, e vejo que raios é esse artigo 112:

"Título 4 - Dos crimes contra a segurança interna do Império, e pública tranquilidade.
Capítulo 3 - Sedição [um tipo de crime político maior que o motim e menor que a rebelião]
Artigo 112 - Não se julgará sedição o ajuntamento do povo desarmado, em ordem, para o fim de representar as injustiças e vexações, e o mau procedimento dos empregados públicos"

Era a primeira vez na história do Brasil que uma lei dizia claramente que não era crime ocupar as ruas para se manifestar. O que aquelas pessoas estavam fazendo era afirmar seu direito legal a estar ali, desde que "em ordem". Mas a coisa não parou por aí e em menos de um mês o tal funcionário e dezenas de outros figurões de Cuiabá estariam mortos e seus comércios saqueados e destruídos. A manifestação não ficou "em ordem" e virou revolta violenta.

Muitos dos que deram vivas ao artigo 112 acabaram figurando entre as primeiras pessoas a serem julgadas e condenadas pelos demais artigos do título 4 do código - o dos crimes políticos. Um julgamento cheio de irregularidades e ao qual voltarei em outro momento. Em seguida seria a vez dos rebeldes da Cabanagem, da guerra dos Farrapos, da Sabinada, da Balaiada, etc. Só na Cabanagem fala-se em 40 mil mortos e é comprovado que cerca de 2 mil morreram apenas nos navios-prisão, de fome, sede, doença, pancada, enquanto aguardavam julgamento. Eles sequer tinham uma acusação formalizada, eram presos pelo "crime" de "ser cabano", ou seja, de ter traços indígenas e ser pobre.


Duvido que depois da década de 1840 outro ajuntamento de populares gritasse na rua qualquer saudação ao código criminal. O artigo 112 só parece libertário antes da aplicação do código, longe da realidade concreta, da exceção como regra.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Um convite à expropriação da história: sobre a interrupção do Calendário Insurrecional do Brasil

Escrevo para informar que este Calendário Insurrecional do Brasil só voltará a ser publicado no ano que vem. A ideia original era a de divulgar suas páginas diariamente, mantendo a regularidade até o final de 2012. Uma tarefa que eu sabia ser dificílima de empreender, especialmente por ser uma iniciativa individual - e talvez por isso precipitada, pois para ser bem-sucedida decerto requeria uma organização prévia junto a outros companheiros que se interessassem em construí-lo coletivamente. Iniciativa, enfim, que surgiu nos últimos dias de 2011, com o que não quis perder a oportunidade de começar no dia 1º de janeiro deste ano. Cheguei ao fim de julho (e postei no blog apenas até 11 de junho), mas o atraso é tamanho que não vejo sentido em publicá-lo em datas distantes das quais se referem.

Comecei acreditando que, por diversas razões, o Calendário era necessário para a época em que vivemos. Acredito mais ainda agora. Seu ponto de partida é o da urgência de se quebrar o encadeamento naturalizado da história brasileira, fundado num suposto progresso lento e gradual, sem organização e participação popular, interrompido apenas por momentos violentos ou autoritários estranhos à nossa índole pacífica, ordeira, acomodada, para a qual até a escravidão ganha o apelido de democrática. Esta concepção da história brasileira tem um efeito de realidade que temos negligenciado, mesmo quando elementos que a compõem são insistentemente lembrados.

A cada momento precisamos, no Brasil, começar as tradições de luta popular quase do zero, pois não temos um repertório de experiências, de referências, de sucessos e fracassos, ou qualquer lastro de uma organização que nos precede. A interrupção contínua dessa trajetória é facilmente substituída por uma linha evolutiva, segundo a qual nunca tivemos outra via e nunca se tentou outro futuro. Não sabemos que desde o século XIX se intentam grandes revoluções de caráter popular que são mais que respostas instintivas à miséria. Que a Independência foi uma guerra, com alguns setores populares em armas e que a Proclamação da República foi um episódio, decerto pacífico, de uma crise social que quase se pode chamar uma guerra civil, com forte participação popular. Que em plena década de 1830 (sim, mil oitocentos e trinta) quem tomava violentamente as principais ruas da capital do país defendia em seus panfletos o fim das distinções raciais, o voto universal inclusive feminino e uma reforma agrária que poucos ousariam exigir hoje (expropriação de toda terra, redistribuição como posse e não propriedade absoluta, posse esta condicionada à produção, à não acumulação pela mesma pessoa e não transmitida automaticamente por herança) . Perceber que não somos assim tão acomodados ou pacíficos e que a revolução social faz sim parte de nossa história, mesmo como experiência de derrota, faz muito mais sentido quando rememoramos.

É este o ponto de partida do Calendário, pois as raras vezes em que se fala em participação popular no Brasil esta é irracional, manobrada por outras classes ou simplesmente instintiva. Não sabemos que os balaios queriam mais do que lutar contra a miséria. Que exigiam igualdade entre ricos e pobres, brancos e negros, e o fim de um abuso de autoridade seletivo, de uma justiça que pune de acordo com a classe e a raça. Que aqueles lavradores pobres, supostamente ignorantes, compreenderam mais do caráter ideológico do universalismo do direito moderno que a maior parte dos cientistas sociais do século XX - e que se apropriaram dele à sua maneira, para desespero das classes dominantes. Compreender que consciência política não é atributo de alguma elite intelectual, mas de quem vivencia a luta cotidiana faz muito mais sentido quando rememoramos.

Mas o Calendário também traz a tradição de exceção, a violência estatal, os massacres de uma história supostamente pacífica no país em que atualmente mais se mata no mundo, em números absolutos. Não sabemos que os direitos dos cidadãos começaram a ser suspensos no Brasil desde que foram criados. Que voltaram a ser suspensos na vigência de outros regimes constitucionais. Que os regimes constitucionais deram lugar ao estado de exceção que não escondia sua natureza. Que para a maior parte dos brasileiros o estado de exceção foi norma no Império, na República Velha, na Era Vargas, nos “anos dourados” de JK, na barbárie do pós-64, na "redemocratização" dos anos 80 e na democracia do século XXI. A democracia na qual agentes do Estado matam quase 500 pessoas em uma semana e são parabenizados pela imprensa e pelo governador faria inveja a muitos genocidas. Lutar para investigar os crimes da ditadura, para assim melhor investigar e combater os crimes da democracia faz muito mais sentido quando rememoramos.

Contra o conceito de história que fundamenta o comodismo, o Calendário traz também uma crítica à fé no progresso econômico ou técnico-científico. Podemos até saber que o arraial de Canudos venceu diversas expedições militares antes de ser destruído, mas não que a comunidade do Caldeirão, semelhante em muitos aspectos, foi arrasada de uma vez, sem qualquer chance de vitória, pois passados 40 anos o Estado brasileiro já contava com aviões. Que milhares de pessoas morreram naquela comunidade, boa parte por bombardeios aéreos. Que agora quem matava sob as ordens do Estado não precisava mais olhar nos olhos de suas vítimas. Da mesma forma como não sabemos que sob os prédios que melhor simbolizam a modernização brasileira se encontram os cadáveres de muitos dos operários que construíram Brasília e que um dia se rebelaram contra as condições em que viviam. Que os tratores empregados nas obras serviram para cavar suas valas comuns. Que não é impossivel que a cada sessão do Congresso ou do Supremo se esteja deliberando por cima dos corpos desses operários. Entender que o progresso técnico e que a modernização não vão nos salvar faz muito mais sentido quando rememoramos.

Tendo como postagem mais visitada o especial do dia internacional de luta das mulheres, o Calendário também procura lembrar que em todos os processos revolucionários as mulheres foram (e são) importantes no campo de batalha, ampliando os sentidos da luta por liberdade e desnaturalizando opressões enraizadas nas próprias fileiras dos que enfrentam o poder. Não sabemos que ao longo desses séculos milhares de mulheres enfrentaram exércitos treinados pelo Estado que só as aceitariam em funções auxiliares, supostamente próprias ao seu gênero. Que aos 18 anos de idade Amélia Reginaldo e outras três companheiras entraram no quartel de Natal com armas nas mãos e ajudaram a toma-lo numa das muitas tentativas de realizar a nossa revolução. Que, filha de revolucionários, Amélia nasceu Rosa Luxemburgo, mas foi obrigada a mudar de nome para não atrair a repressão. Lutar para que mulheres possam ser Rosa Luxemburgo, ou quem desejarem, mesmo quando lhes querem forçar a ser Amélia faz muito mais sentido quando rememoramos.

Mostramos dezenas de crimes de nossa última ditadura, lembramos que a resistência ao regime foi muito além dos anos rebeldes de jovens idealistas. Pois não sabemos que gente de todas as classes, de todas as cores, de todos os gêneros, de todas as idades lutou com os mais variados meios para derrubar a ditadura, mas que foi sobretudo como luta por um destino popular e contra um passado de opressão que a resistência encontrou sua unidade. Que sem-terras e indígenas foram massacrados aos montes e hoje se encontram excluídos da memória dessa resistência. Que as ações armadas definidas de forma canalha como terroristas são a violência contra a tirania, legítima até nas cartilhas clássicas e supostamente sagradas do liberalismo. Recuperar a história da luta revolucionária que nos pertence a todos (e não apenas aos dignos sobreviventes da barbárie que hoje se satisfazem com um Estado dito democrático que mata mais brasileiros que a ditadura) faz muito mais sentido quando rememoramos.

Lembramos dia a dia que a última ditadura não sufocou apenas a disputa política e a liberdade da imprensa, mas também a subsistência, a dignidade e a possibilidade de organização e luta das classes populares; a construção de um espaço público minimamente aberto à participação; o desenvolvimento econômico com alcance social e autônomo diante das potências mundiais, as manifestações culturais para muito além da censura pura e simples. Que a mesma imprensa que relembra hoje seu heroísmo ao enfrentar a ditadura comemorou o golpe, ganhou poder e dinheiro por sua conivência com o regime e construiu para si uma memória de mentira que hoje convence a quase todos. Compreender que a liberdade de expressão que temos nada mais é que a liberdade de alguns senhores para reinventar passado e presente e silenciar as outras vozes faz muito mais sentido quando rememoramos.

Trouxemos ainda opressões velhas e novas e a intolerância crua de um país onde quase todos se creem abertos à diversidade. Pois não sabemos que para uma família ser um homem e uma mulher unidos pelo sagrado matrimônio muita gente morreu na fogueira da inquisição. Que para sermos um país predominantemente cristão muito terreiro foi invadido, muito indígena foi assassinado ou batizado à força, muito muçulmano foi açoitado, degredado ou morto. Que para a língua portuguesa ser a única apendida no berço para quase todos os brasileiros, centenas de outras línguas foram eliminadas sem deixar vestígios. Entender que o que temos por “normal” ou por “próprio do país” se deve à unificação violenta do mundo pelo mercado, mediada pela ação de um Estado nacional, faz muito mais sentido quando rememoramos.

Ocorre que podemos e devemos rememorar. Ocorre que mesmo quando não sabemos disso tudo desconfiamos da imagem “eterna” do passado que nos é apresentada, desconfiamos que é preciso fazer explodir esta linha tão cuidadosamente construída para nos ensinar que se deixar levar pela corrente é a coisa mais segura a fazer. Mesmo quem nunca se aproximou do trabalho do historiador já sentiu muitas vezes, ao ouvir sobre a nossa história, a impressão de estar diante de uma fábula. Esta sensação não se dá por acaso.

É como um passo para romper com esta fábula que o Calendário Insurrecional do Brasil foi pensado. Sua interrupção provisória não é uma desistência ou uma mudança de proposta, mas uma tentativa de retomá-lo com maior vigor. Que haverá interesse em fazê-lo não tenho dúvidas. Nestes 9 meses, ele rendeu discussões sobre passado e presente do Brasil, ao menos dentre as pessoas que conheço, sendo que conheci algumas em decorrência de sua publicação. Resultou também numa parceria com o Núcleo Piratininga de Comunicação, com o qual eu e minha esposa colaboramos para a elaboração da Agenda 2013 “Lutas, Revoltas, Levantes e Insurreições Populares no Brasil dos séculos XIX, XX e XXI”. Recebi sugestões que eram mais do que conversa de buteco para transforar seu conteúdo em livro, em série de curtas-metragens e em inserções numa rádio não-comercial. Acho que isso e muito mais pode ser feito, não exatamente a partir do Calendário, mas de ideias que estão em sua origem e que evidentemente não são apenas minhas, nem apenas uma apropriação – de resto óbvia – das teses de Benjamin.

Ideias que estão, há muito mais tempo, nas místicas dos movimentos sociais, nas quais se atualiza um passado que os dominadores enterraram ainda vivo. Que estão na música, de Geraldo Filme a Mano Brown. Que estão no na poesia, dos cordéis do sertão aos saraus das periferias de São Paulo. Que estão no jornalismo (aquele que incomoda, pois como um sábio já disse, todo o resto é publicidade), de Ezequiel Corrêa dos Santos a André Caramante. Que estão por toda parte, se manifestando "na luta sob a forma da confiança, da coragem, do humor, da astúcia, da firmeza, agindo de longe, do fundo dos tempos".

O Calendário, me comprometo, volta no dia 1º de janeiro de 2013. Espero até lá contar com propostas de colaboração e sugestões para que volte com mais força, como algo que é mais que uma iniciativa individual. Provavelmente volta em novo endereço, com novas formas de divulgação, em parte com as mesmas lutas e violências. Mas também com outras que, diga o que quiser a mídia, ocorreram e vão ocorrer no ano de 2012. A imprensa não noticiou quando Caxias incendiou comunidades pobres ao reprimir a balaiada. Chamavam-no “pacificador do Maranhão”, aquele que estava retomando o controle do Estado sobre o que, segundo suas palavras, estava nas mãos de “bandidos”. Se hoje comunidades pobres são incendiadas com a conivência ou a iniciativa do poder público, se uma guerra interna é travada em nome da pacificação e da retomada dos territórios dos bandidos, não é a imprensa que vai nos dizer. Ela vai nos dizer, como o historiador de Caxias, que esta luta nada tem de política, mas que trata-se simplesmente de impor a ordem e a civilização onde antes reinava a desordem e a barbárie de um povo ignorante e incapaz de se organizar.

O Calendário voltará porque todos os combates do presente exigem a expropriação da história que nos foi negada.

Godinho.

domingo, 5 de agosto de 2012

Outro grito da periferia: punk e identificação com o opressor

Em artigo publicado no ano de 1999, a psicanalista Maria Rita Kehl fez uma incursão nas letras dos Racionais MCs, então em evidência com o álbum Sobrevivendo no Inferno (1997). À parte da interessante análise das letras de rap, a autora lançou alguns juízos sobre o punk, movimento também oriundo das periferias das metrópoles. A comparação entre a sociabilidade e valores de rappers e punks é pertinente e poderia levar a alguns questionamentos sobre os alcances e limites das contestações ligadas às culturas jovens, urbanas e periféricas. 
Neste breve post não discuto o rap, apesar de ser o tema central do artigo e o que me levou a buscar sua leitura. Comento apenas algumas passagens sobre o punk que me incomodaram profundamente, pois para quem vivia nesta cena à época da publicação, as afirmações são hoje sentidas não apenas como sendo falsas, mas também ofensivas.  Não se trata de censurar a autora por alguns parágrafos de um texto de 13 anos atrás, afinal reconheço sem qualquer ressalva a qualidade de seus escritos e de sua atuação no espaço público. Entendo que hoje ela é uma das vozes mais lúcidas no debate político brasileiro, seja na universidade, na imprensa ou em outros espaços. E o incômodo vem precisamente do fato de a autora ter (e creio que já tinha à época) todas as condições para compreender a natureza do movimento punk de São Paulo naquele momento. Antes de seguir, copio uma passagem, grifando o que a meu ver é o juízo mais infeliz do texto. Trata-se de um contraponto à narrativa que abre o artigo, sobre a presença dos rappers num comício de 1º de maio de 1999:

“Há 17 anos, a grande festa petista de encerramento da campanha da primeira candidatura do Lula em 1982, daquela vez ao governo de São Paulo, contou com a presença estranha, espontânea, não necessariamente politizada, mas talvez em busca de alternativas, de vários punks da periferia. Sem liderança, desorganizados, os punks fizeram um certo “turismo revolucionário” em volta do PT, que não sabia o que fazer com eles. Seis anos depois, num melancólico e esvaziado 1o de maio de 1988 na praça da Sé, via-se um grupo de punks, já então aderidos a um patético neonazismo, cruzar a praça em atitude ameaçadora, procurando briga. Viraram inimigos da esquerda, truculentos, racistas. Buscaram reconhecimento – isto que todo jovem busca, mas que os pobres precisam lutar muito mais para obter – identificando-se com o opressor. Arrogância, racismo, violência física; os punks marcaram sim sua presença na cidade, mas não foram capazes de superar a condição subjetiva de sua alienação. Tudo o que conseguiram fazer foi passar adiante, para cima de outros garotos ainda mais frágeis do que eles, a humilhação que se recusavam (com razão) a sofrer.”

Maria Rita Kehl descreve uma cena que talvez tenha presenciado em 1988 e que é perfeitamente verossímil naquele contexto. Porém, sem qualquer ressalva, conclui que o punk havia se tornado de uma vez (e se não para sempre, até aquele momento) arrogante, racista, violento, alienado e identificado com o opressor.
Sem dúvida o punk sempre teve algo de arrogante e violento, e pela mesma razão que o rap. Em comum essas culturas que surgiram marginais não reagiram à arrogância e violência com as quais conviviam oferecendo a outra face. O Pânico em SP dos Inocentes e o Pânico na Zona Sul dos Racionais surgiram de contextos semelhantes – o do Suburbio Geral do Cólera, a Periferia, que é Periferia (em qualquer lugar)
Há diferenças importantes, claro, e percebo isso nas conversas com quem vivia na cena rap nesta época. A composição de classe do punk era mais variada, sua ligação com as comunidades quase nula, além de ser um movimento bem menor e menos organizado. Conheci gente rica, inclusive punk que largou o conforto de um apartamento de luxo pra viver em ocupações e nas ruas do centro de São Paulo. Mas a grande maioria dos que faziam o movimento era gente das periferias. Foi ao encontrar pessoas que ia conhecendo nos sons que visitei pela primeira vez algumas favelas das zonas oeste e norte – pontos distantes de Prituba, Osasco, Jaraguá, Perus, Taipas, Vila Nova Cachoeirinha, etc. Era na periferia que pulsava o punk, ainda que mostrasse a cara com maior freqüência no centro e em alguns bairros – como a Lapa, onde nasci e morei por quase 30 anos.
O problema da passagem citada está em duas supostas características do punk que me reviraram o estômago. Quando li, interessado na análise dos Racionais, pensei imediatamente: "peraí, então quer dizer que a gente era um bando de racistas identificados com os opressores?" Pois foi exatamente entre 1999 e 2001 que vivi mais intensamente a cena punk de São Paulo. E reconheço: muitas vezes violento, geralmente (mas nem sempre) desorganizado, freqüentemente expressando uma visão ingênua das contradições sociais, o punk tinha muitos defeitos. Eu mesmo apanhei de punk a troco de nada, acho que em 2000. Pois existiam sim gangs que caçavam encrenca, como também ocorriam episódios mais violentos, espancamentos, por vezes mortes, principalmente em confrontos com carecas. A desorganização, por sua vez, era relativa. Durante algum tempo atuei em espaços razoavelmente organizados de militância que tinham surgido do diálogo entre punks – especialmente um coletivo anarquista em Pirituba e uma ação de atendimento de moradores de rua entre a Barra Funda e a Santa Cecília. Podem ser iniciativas quase sem efeito prático na sociedade, mas o fato é que foram as primeiras experiências de organização política e social não só para mim, mas para muitos que viveram aquela cena e que hoje vejo atuantes por toda parte, inclusive nos espaços criados pelo rap. 
Mais do que isso: hoje percebo que entrar para o universo da prática política pela via do punk permitiu que as pessoas retirassem a aparência de naturalidade que encobre a organização vertical e burocratizada de partidos, sindicatos e outras organizações e movimentos. A forma de organização típica do punk, o coletivo autogestionado, é uma experiência que desnaturaliza a hierarquia, a representatividade, a burocracia. É um aprendizado que, na minha opinião, não aliena. O que aliena é entrar para a militância na adolescência através de um partido sectário, de um sindicato pelego ou de uma ONG corrupta. A maior limitação do punk estava numa certa ingenuidade na compreensão do funcionamento da sociedade e do Estado, o que se explica em boa parte pela juventude da imensa maioria. Estávamos todos experimentando a política sem mediação de líderes, representantes ou guias, o que vale mais do que ter respostas prontas para os dilemas do mundo.
Portanto, havia sim muito o que criticar no punk, inclusive se contraposto ao rap. Ocorre que dentre os muitos problemas do movimento não estavam o racismo ou outras formas de discriminação aberta, e menos ainda a identificação com o opressor. Claro que preconceitos existem em todos os ambientes e se manifestam onde menos se espera. Porém - e este é o ponto crucial para se entender o movimento - é parte da própria identidade do que é ser punk enfrentar os militantemente intolerantes. Se era assim nos anos 80 ou se é assim hoje não sei, ainda que tenha alguns palpites. Em 1999, quando o artigo foi redigido, era assim: quem manifestasse racismo ou homofobia num evento era confrontado, podendo até ser agredido.  E mais ainda: os grupos que atacam negros, nordestinos, homossexuais, travestis, etc. só encontravam um inimigo minimamente organizado nas ruas, e este inimigo era o movimento punk. Daí os confrontos violentos entre punks e carecas, que aliás se expunham menos do que hoje, talvez por medo de seus inimigos declarados.  Além de uma afirmação identitária de ambos os lados, este confronto expressa sim uma distinção política.
Nunca nos colocamos do lado do opressor, nunca fomos os responsáveis por ataques motivados por racismo ou homofobia, até porque tudo isso era o avesso da nossa identidade, era parte da identidade do inimigo, o “careca”, o “fascista”, o “white power”.  Talvez a autora tratasse esses dois pólos antagônicos como uma massa indistinta, prática comum na grande mídia por exemplo. Mas acho mais provável que a cena vista no comício de 1988 de fato partiu um grupo intolerante identificado como punk num contexto bastante distinto daquele de 11 anos depois, e que ela não procurou descobrir o que havia mudado no punk desde então. Só o que digo aqui – sem em nenhum momento desmerecer a análise de Maria Rita Kehl sobre o rap, ainda que sobre ela tenha algumas ressalvas -, é que a identificação com o opressor não existia no movimento e era sua própria negação.  Para perceber isso basta deixar rodar o álbum mais ouvido dentre os punks de São Paulo quando o artigo foi escrito – Caos Mental Geral, da banda Cólera (1998). Deixo o link de uma música que foi a principal trilha sonora da cena punk daquele ano. Acho que ela diz mais do que posso dizer sobre os valores que partilhávamos.



Deixo ainda a recomendação de que, ao contrapor duas formas de expressão da juventude das periferias, sejam adotados critérios idênticos: se os rappers são analisados pelas letras, analisemos os punks também por elas. Garanto que o rap só sai engrandecido com a comparação. Só não julguemos toda uma coletividade pelo comportamento de um pequeno grupo num comício de mais de 10 anos antes. Se tem uma coisa que todo movimento tem em comum é a presença de gente idiota.

A conclusão aqui é simples e modesta: mesmo sem a mesma força e organização do rap, e mesmo sem a mesma profundidade da crítica dos Racionais o punk não deixava de ser um grito da periferia contra situações semelhantes. Grito que negava intransigentemente e por vezes violentamente a discriminação e a identificação com o opressor.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O melhor do Lixozine: Olavo de Carvalho é agente do comunismo internacional (duas partes)

 (Seguindo com "O melhor do Lixozine" [para saber do que se trata, clique aqui], a notícia bombástica de que o filósofo supostamente conservador Olavo de Carvalho é, na verdade, agente do comunismo internacional. Foram duas publicações postadas em 14 e 17 de abril de 2004 e que aqui estão reunidas.)
OLAVO DE CARVALHO É AGENTE DO COMUNISMO INTERNACIONAL

O Lixozine® em seu jornalismo-verdade após investigações nos arquivos da KGB e através de seus correspondentes em Cuba recebeu a confirmação de uma notícia estarrecedora: o filósofo Olavo de Carvalho é um agente a serviço do comunismo internacional. Documentos esclarecedores foram encontrados, alguns deles irrefutáveis, como a foto ao lado de Fidel Castro e a declaração ao comitê central do Partido Comunista cubano: Yo soy comunista. Assinado: Olavo de Carvalho.

Esse respeitável filósofo brasileiro foi responsável por provar que (fora ele e alguns discípulos) todos os intelectuais, artistas, jornalistas, professores e afins são agentes do comunismo internacional.E isso não apenas no Brasil, e não apenas indivíduos: a ONU, o FMI, a União Européia, os grandes bilionários... Todos comunistas! E isso não vem de hoje, pois o socialismo e o nazismo (que ele também prova que, apesar do ódio mútuo e da declarada política anti-comunista de Hitler, são no fundo a mesma coisa) descendem em linha direta das seitas gnósticas do início da era cristã. Ou seja, o comunismo é um fenômeno quase universal também no tempo.
O que é novo é a sutileza que o gramscianismo deu ao comunismo, fazendo com que ninguém (exceto o esclarecido filósofo) perceba seu avanço. Assim, a mídia gera falsas discussões e consensos, que na verdade são produzidos apenas por comunistas a serviço do Foro de são Paulo, o fator mais importante na condução política deste país. Por esse motivo, mesmo que tenhamos a impressão de que há discordância, na verdade os debates são pré-fabricados, já que todos os interlocutores lutam pela mesma causa.
Mas se o sapientíssimo filósofo já havia provado tudo isso, como pode ele também estar a serviço do comunismo internacional? Por que delataria seu próprio segredo? A resposta talvez esteja na necessidade de gerar debates e polêmicas, para que não ficasse óbvia a união de todos esses agentes do comunismo internacional. Ou ainda, assim como pode haver ódio mútuo entre comunistas e nazistas (que também são comunistas), por que não pode haver entre o comunista Olavo e os outros comunistas? Agora que o último baluarte anti-comunista do Brasil foi descoberto como comunista de carteirinha, e com as informações que temos das agências internacionais, de que lá o processo é o mesmo, temos um problema.
Durante muito tempo os comunistas foram vistos como uma das forças no campo político. Entretanto, com as interessantes descobertas feitas por Olavo de Carvalho foi possível perceber que as ramificações do comunismo internacional atingem a quase todos, como por exemplo as novelas da Rede Globo, que não são outra coisa senão propaganda comunista. Se o iluminado filósofo era a exceção, temos um problema grave, pois o comunismo não pode mais ser considerado força política, mas a própria política, pois é universal. E não só isso, pois o nosso ilustríssimo filósofo também chegou à conclusão de que o comunismo não se resume à política, mas abrange toda a vida social. Também não é um fenômeno moderno, pois remonta pelo menos ao Império Romano.
Sendo assim, talvez tenhamos que reconhecer que o comunismo é inerente ao gênero humano, ou pelo menos à vida em sociedade. Talvez aquilo que conhecemos como Vida na verdade não seja outra coisa senão Comunismo.

 Foto de Olavo de Carvalho com Fidel Castro:


OLAVO DE CARVALHO: NOVAS REVELAÇÕES

Mais uma vez o Lixozine®, em seu jornalismo-verdade-verdadeira traz notícias impressionantes. Novas evidências confirmam a ativa participação de Olavo de Carvalho nas maquinações comunistas do Foro de São Paulo. As provas são novamente incontestáveis, e dessa vez as relações do filósofo com o comunismo internacional mostram-se ainda mais fortes.

Nosso jornalista foi enviado anonimamente XI Encontro do Foro de São Paulo realizado em Antigua, Guatemala, no ano de 2002. Lá ele pode constatar pessoalmente a ativa participação do célebre pensador brasileiro na Revolução Comunista que está se processando nesse momento sem ninguém perceber. Em uma reunião semi-secreta (ver foto), Olavo teria declarado, segundo as anotações de nosso repórter:

"No Brasil as pessoas acreditam que existem pessoas que não são comunistas (risos dos outros participantes). Pior ainda: acham que eu mesmo sou um grande conservador, reacionário e direitista (mais risos) . Vejam só que plano perfeito para nossa revolução gramsciana! Eu finjo que brigo com o companheiro Emir Sader, falo mal do companheiro Lula, critico o companheiro Frei Betto, denuncio o companheiro Fidel... E aqui estamos nós, companheiros, fazendo juntos a grande Revolução?"

A fala é clara, e agora não restam mais dúvidas de que nosso eminente filósofo é na verdade um grande articulador do Comunismo Internacional. Na saída do evento ainda foi possível a nosso jornalista obter outra foto: desta vez Olavo aparece com Fidel e Frei Betto, que então se despediam.

Reiteramos ainda que não devemos julgar mal o erudito filósofo. Lembremos, que como foi dito na matéria anterior, o Comunismo talvez seja parte constitutiva da natureza humana. Sendo assim, fique tranqüilo: isso não é exclusividade de Olavo de Carvalho, pois certamente também há um comunista dentro de você!




Olavo de Carvalho no Foro de São Paulo, quinto da esquerda para a direita


Fidel Castro e Frei Betto se despedem, Olavo de Carvalho ao fundo


O melhor do Lixozine: novo ataque

(Seguindo com "O melhor do Lixozine" [para saber do que se trata, clique aqui], um dos planos mirabolantes de Tatarah Cadah para a Finlândia Oceânica, publicado originalmente em junho de 2005)
 
NOVO ATAQUE

O Seu, Meu, Nosso, Vosso Excelentíssimo Intocável Por Ser Tão Ilustre e Onisapiente Grande é Pouco Tatarah Kadah criou um novo plano para destruir o império finlandês: ele resolveu que engravidará não uma, mas cem mulheres no dia 06/09/05: paraque os frutos destas relações venham a luz no dia 06/06/06 e sejam o filho do demônio. Assim, a profecia se cumpriria conforme o Apocalypse.
Seja como for, Nosso Mestre foi questionado a este respeito pelo Parlamento Acadenho. Eis o debate:

PA - E se houver atraso ou adiantamento no nascimento dossupostos demônios?
TK - Por isso resolvi engravidar 100 mulheres!
PA - Por que justo "cem"? Por que não seiscentas e sessenta e seis?
TK - Porque 666+666=121212: portanto, não teríamos diabinhos.
PA - Mas 666+100=766: não teríamos diabinhos também!
TK - Hum... Bem pensado... Portanto, não farei sexo com nenhuma mulher!
PA - Mas, Ilustríssimo... Se não fizerdes amor com nenhuma mulher não terás nenhum filho, muito menos um diabo.
TK - Hum... Bem pensado, novamente! Portanto, vou descontar um dia: agendemos minha copula então para o dia 05/09/05!
PA - Mas, senhor... Não seria mais precavido ter mais cópulas, seguindo o raciocínio inicial das 100 mulheres?
TK - Ótima idéia! Descontemos então mais 99 dias da cópula! Mudando assim a data para... vejamos... mais ou menos 3 meses antes, o que daria mais ou menos da data de 05/06/05!
PA - Mas, Senhor... Isto foi há dez dias atrás!
TK - Ashararararah*!
PA - Bom, seja como for senhor, o Apocalypse não implicaria só no fim do Impéro Opressor Finlandês, mas também no fim do mundo inteiro, inclusive o povo acadá!
TK - Ahá! Mas para isso tenho planos: converter todo cidadão acadenho ao cristianismo e o resto do mundo ao lado negro da força: assim os acadenhos terão a Vida Eterna e o resto do mundo vai queimar no inferno!
PA - Mas se o senhor for o pai dos diabinhos o Senhor também não queimará no Inferno?
TK - Hum... Verdade! Portanto, vocês parlamentares transarão com 50 mulheres daqui a 40 dias e eu vou me converter ao cristianismo. Boa-sorte! Que eu mesmo esteja com vocês!
PA - Mas... Se o senhor estiver conosco, o senhor também não irá queimar no fogo eterno?
TK - Hum... Ah! Quem precisa de mim de qualquer forma? Vocês terão todo o apoio do Anjo Caído! Boa- sorte!

O melhor do Lixozine: Bush captura Saddam

 (Seguindo com "O melhor do Lixozine" [para saber do que se trata, clique aqui].Bush captura Saddam, dezembro de 2003)

BUSH CAPTURA SADDAM

Nós do lixozine viemos através desta expressar nossa indignação quanto a opressão do presidente norte-americano George Bush. Segundo nossas pesquisas, 50% da população Acadah acha que Bush é um tanga-frouxa. Outros 25% acham que ele é fascista, fascista! Outros 25% estão na dúvida se ele é homem ou um saco de batata.
Baseados nessa pesquisa podemos dizer com 98% de certeza que cada 9 em 10 cidadãos de Acadah acreditam que 1/4 da população iraquiana pode optar por prender também o presidente norte-americano, seu namorado Colin Powell e seu amante inglês, responsáveis por ataques terroristas ao Oriente-Médio e por uma suruba a três em praça pública.
Por outro lado, nosso Embaixador de Contatos Exteriores Acadenhos, Dr. Hafkaz Shnatzkah, acredita que todos os terroristas devem ser colocados numa jaula no meio do Serenghetti para testar a fome dos leões por assassinos políticos.
A ONU (Organização Nacional de Umilhação) acredita que não existem leões no Serenghetti, mas o Greenpeace os alertou:"Claro que existe, cara! Deixa de ser burro!". A ONU rebateu: "Pelo menos num sou biólogo!", e o Greenpeace retrucou: "Pelo menos eu conheço meu pai!", e a ONU deixou o Greenpeace sem palavras quando disse: "Eu sou seu pai!".
Enfim, os testes serão iniciados no começo de dois mil e minha neta gostosa, segundo o porta voz da A.P.V.G.P.O.N.U. (Associação de Porta-Vozes do Greenpeace e da ONU).
Estaremos esperando!

O melhor do Lixozine: é tudo coisa do sistema

(Seguindo com "O melhor do Lixozine" (para saber do que se trata, clique aqui). Primeiro post do Lixozine em formato blog, de novembro de 2003, por Bruno Reinoldes)


É TUDO COISA DO SISTEMA

O sistema nos manipula de todas as formas. Apenas recentemente nós colaboradores do Lixozine descobrimos a enfermidade que assola todos os seres-humanos.
Descobrimos que os punks estão certos e o resto do mundo está errado. No entanto, não é qualquer um que é punk. Punk é punk, o resto é bosta!
A verdade é que somente os reais punks ou os habitantes da Finlândia (como nós) é que sabe diagnosticar o problema com prontidão.
Segue abaixo uma lista dos sistemas que estão presentes em nossas vidas o tempo inteiro:

Sistema Solar: É o maior sistema presente em nossas vidas.
Sistema Digestivo: Um dos sistemas pelos quais vivemos em função. Outro sistema que nos escraviza é o Sistema Reprodutivo, responsável por ereções matinais involuntárias que também nos surpreendem nos Sistemas de Transporte Coletivo.
Sistema Brasileiro de Televisão: Um dos sistemas mais perigosos que se tem notícia. Ele é responsável por transmissão de novelas mexicanas a milhões de lares por todo o Brasil.
Sistema Circulatório: Aparentemente, o único jeito de impedí-lo é entupindo nossas veias! Muito parecido com o Sistema Respiratório, que também só pode ser bloqueado tampando-se as vias respiratórias ou enchendo elas de água.
Sistema de Ventilação: Pode ser bloqueado colocando-se uma trava dentre as hélices do ventilador.

Disso se conclui que Deus é um programador de sistemas, e que Bill Gates quer ser Deus. Outra hipótese levada em consideração é de que Deus é um escaravelho e a Terra é uma bola de merda. E o que é o Sol senão uma bola de peido que pegou fogo?

O melhor do Lixozine: EUA querem destruir todos os países do mundo em ordem alfabética.

(Seguindo com "O melhor do Lixozine" (para saber do que se trata, clique aqui). Notícia publicada por mim no Lixozine impresso em 2002, distribuído em sons punks em São Paulo após a invasão dos EUA no Afeganistão.)


O melhor do Lixozine: como fazer um gato flutuar

(Começo a publicação de "O melhor do Lixozine" (para saber do que se trata, clique aqui). O primeiro post não tem muito a ver com punk nem com a Finlândia Oceânica, mas é genial. É um manual elaborado pelo Bruno Reinoldes, vulgo Chacotão: como fazer um gato flutuar.)


AEROPLANOS CASEIROS
Devido ao baixo orçamento do Ministério do terrorismo neste ano, não pudemos adquirir jumbos e caças.
Fomos obrigados então a contratar especialistas da Universidade Nacional de Humanas Akadah (UNHA) também conhecida internacionalmente como National Akadish Institute of Leisure (NAIL).
Nossos cientistas ficaram encarregados de criar um aeroplano alternativo e barato para atacarmos aldeias de gente inocente.
Dias de estuda resultaram no Projeto Gato Flutuante. Veja detalhes abaixo: 
Baseado neste aeromodelo, Vosso Grandessíssemo Mestre Tatarah Kadah atachará bombas na barriga de 80 gatos siameses com uma cola que se desprende após algumas horas.
O destino de envio dos gatos flutuantes bombardeadores é considerado sigiloso.